GDesafios de produzir mísseis sob constante ataque: O caso ucraniano
Quando Golias subestimou Davi, a história nos ensinou uma lição sobre coragem, inteligência e a capacidade de surpreender os mais poderosos. Em pleno século XXI, um cenário similar parece estar se desenrolando diante dos nossos olhos, com a Ucrânia desafiando não apenas a agressão russa, mas também as expectativas globais. O The Times falou sobre isso aqui
A figura de Vladimir Putin, projetada como um líder autocrático que subjuga e domina, pode estar enfrentando seu maior temor: uma Ucrânia que se prepara para se tornar uma potência de mísseis, alterando profundamente a dinâmica de poder na região.
Yuzhmash e o renascimento tecnológico
O foco da recente ofensiva russa à cidade de Dnipro, especificamente à histórica fábrica de Yuzhmash, não foi um acaso. Essa instalação é um símbolo do poderio tecnológico da Ucrânia desde os tempos soviéticos, sendo o berço do famoso mísseis intercontinentais R-36, apelidados de "Satanás" no Ocidente, dada sua capacidade devastadora.
Embora os tempos tenham mudado, as mentes brilhantes que um dia desenvolveram esses mísseis ainda permanecem lá. E mais: o espírito de inovação renasce em projetos como o mísseis Grom-2, que vem sendo desenvolvido com base no modelo Sapsan e comparado ao Iskander russo.
Uma estratégia para romper defesas
Especialistas apontam que a produção de mísseis balísticos em um país constantemente sob ataque é um desafio colossal. No entanto, a Ucrânia tem demonstrado criatividade ao aliar mísseis balísticos a drones de longo alcance, formando uma estratégia de ataque coordenado que pode superar as defesas russas.
Não é coincidência que o ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, tenha anunciado planos ambiciosos de construir 30 mil drones de longo alcance em um ano. Essa abordagem combina volume, tecnologia e sincronização, oferecendo à Ucrânia a chance de superar o desequilíbrio de poder.
Inteligência como vantagem competitiva
“Todas as espécies têm algo que lhes permite sobreviver. As lebres têm pernas longas. As raposas têm ouvidos grandes. E nós, ucranianos, temos inteligência”, afirmou o professor Vasily Shevtsov, veterano no ensino de tecnologia de foguetes em Dnipro. Essa confiança na capacidade intelectual é o que sustenta a convicção de que a Ucrânia pode, sim, transformar seu programa de mísseis em realidade.
O impacto geopolítico de uma Ucrânia armada
Se a Ucrânia conseguir estabelecer uma produção consistente de mísseis balísticos e drones de longo alcance, o impacto geopolítico será imenso. Uma Ucrânia armada com mísseis próprios não dependerá exclusivamente de Washington ou Londres para dissuadir ataques futuros ao Kremlin. Essa independência estratégica não apenas protege o país de ameaças externas, mas também fortalece sua posição no tabuleiro global.
Putin subestimou a Ucrânia, assim como Golias subestimou Davi. No entanto, o potencial de inovação e resistência do povo ucraniano pode surpreender o mundo, alterando o curso da história e lembrando que, em tempos de adversidade, a inteligência e a determinação podem superar a força bruta. O mundo não perde por esperar.